sobre a urgência de me refugiar em cenários falsos
uma análise do porque cenários falsos me trazem tanto conforto
Minada pela potência degenerativa do olhar alheio, encontro refúgio em um universo particular. Talvez se conseguisse me importar menos com o mundo a minha volta, não precisaria criar um próprio. Mas essa urgência se deu quando eu descobri o poder da minha mente.
Quando ainda criança percebia a felicidade genuína que eu sentia de me imaginar uma reconhecida celebridade, de ser a mira de holofotes e flashs de câmera - sabe? brincadeiras normais, de criança.
Até que a maturidade que os anos me trouxeram, não eram compatíveis com toda a grandeza que minha mente era capaz de criar. Então continuei criança, enquanto enganava a todos com a aparência de alguém mais velha. Nunca fui a mais bonita, a mais interessante ou mais legal.
Precisava buscar essa validação em algum lugar, encontrei refúgio então, nos cenários alternativos que crio com afinco minutos antes dos meus olhos fecharem e o sono vir. Entretanto, ao acordar, me deparo com a decepcionante realidade de que meu medo de desagradar minou o pouquinho de coragem que me faltava pra desencadear a grandeza que eu fantasiava, na noite anterior.
Em alguns momentos tentei identificar da onde vinha essa urgência de imaginar, do porque aquilo me fazia tão bem. Cheguei a conclusão de que tudo parte da minha busca por aprovação. Nesses cenários me imagino uma pessoa mais admirável, fujo da medíocre realidade que me encontro. Sendo sincera, as pessoas a minha volta gostam de mim, me acham bonita e simpática, mas eu sou facilmente ofuscada, e é disso que quero fugir.
Imagino histórias engraçadas e surpreendentes, mas o irônico é que mesmo almejando tanto estar em destaque, o medo dos julgamentos me distanciam de qualquer situação em que isso poderia acontecer. Talvez isso venha de ter sido uma criança com características fora do padrão nos anos 2000, e ter lutado por tantos anos a ser “igual as outras garotas” que agora seja difícil ser diferente. Mas isso é assunto para outro episódio. Além disso, neles eu posso ser destaque ao mesmo tempo que controlo a reação das outras pessoas, afinal, ter o controle dos outros é a melhor solução para alguém com tantos problemas de rejeição (autocrítica).
Sendo assim, estabeleci mais uma meta. Em 2025, quero me permitir viver, ser vista e ser notada. Quero terminar esse ano com histórias para contar e mais memórias inesquecíveis. Quero me sentir melhor comigo mesmo e ter a confiança de não ter que imaginar ser alguém diferente, afinal quero alcançar essa versão de mim que acesso nos meus sonhos. Além disso, desejo coragem. Coragem de ser eu mesma sem me desculpar por isso, de agir sem receio e de ser o centro das atenções, uma vez outra. Desejo usar esse espaço para contar minhas histórias, e ter muitas histórias para contar.
A vida é bonita demais para passar despercebida por ela.
em 2025 também quero finalmente me libertar disso, cenários são divertidos até notar que você passa mais tempo neles do que na realidade, eu quero viver de verdade e poder ser aquela pessoa legal que tem histórias divertidas para contar 😞🤞
Sim sim!! Passei o texto inteiro concordando com tudo. O mais sufocante é que eu imaginava esses cenários com elementos da minha realidade ou seja pessoas, caras de quem eu estava apaixonadinha, lugares, eventos, e etc. Já na vida real, me frustava muito com essas pessoas ou lugares porque me decepcionava muito por eles não serem que eu imaginava e nem eu mesma.